quarta-feira, junho 18, 2014

Denúncias de homofobia podem ser feitas à OAB Santo André


Grande ABC ainda sofre com falta de local adequado e profissionais capacitados para acolhimento das vítimas

As denúncias de gaylesbobitransfobia (comumente definidas como homofobia, mas que se configuram no preconceito e na violência contra gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais) podem ser feitas à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Santo André. É lá que funciona o Observatório de Cidadania atende a população LGBTT, estratégia adotada para suprir a ausência de uma delegacia que atenda especificamente a esses casos.

 “O ideal era que as denúncias pudessem ser feitas no DECRADI (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), mas infelizmente, existe apenas uma unidade na Capital e assim como outros equipamentos do Grande ABC, não consta com funcionários devidamente capacitados para o atendimento”, lamentou o presidente da ONG Ação Brotar pela Cidadania e Diversidade Sexual (ABCD'S), Marcelo Gil.

O ativista relata que é alto o número de violências registradas no Grande ABC, mas que as políticas públicas se prejudicam pela falta de números oficiais e de coordenadorias LGBTT’s nas cidades. “Discutimos desde 2010 a criação de um conselho de segurança pública direcionado a essa população. A ideia foi debatida no Encontro Nacional de Segurança Pública e seria implementado em 2012, mas até hoje, nada saiu do papel”, explicou.
Gil relata que essa falta de atuação apenas agrava o problema, pois além de não existir um local preparado para receber as vítimas, toda a articulação foi enfraquecida. “Hoje, a vítima de gaylesbobitransfobia, a exemplo do que acontece com as mulheres vítimas de estupro, muitas vezes, passam a ser julgadas como culpadas ainda na delegacia. São culpadas por uma orientação sexual, quando o verdadeiro crime é a violência a que são submetidas”, completou o presidente. “Implantar o conselho, capacitar o Decradi a receber as denúncias, é garantir a humanização do atendimento desse público, que chega à delegacia fragilizado, com a autoestima em pedaços”, concluiu.

O presidente da ONG ABCD’s chama a atenção para a necessidade das coordenadorias serem comandadas por membros da sociedade LGBTT. “Se nas coordenadorias da mulher são as mulheres quem lideram; se as discussões sobre racismo têm os negros à frente, é mais do que óbvio que são as lésbicas, os gays, os bissexuais, as travestis e os transexuais masculinos e femininos, quem devem conduzir esse processo. Capacidade para isso nós temos, é preciso que haja a abertura política necessária”, defendeu.

Marcelo Gil destaca, também, que as denúncias podem e devem ser levadas aos grupos e organizações não governamentais que atuam com os LGBTT’s, mas que apenas isso não garante a instauração do inquérito policial. As queixas recebidas nesses espaços são encaminhadas para a Secretaria da Justiça na Coordenação de Politicas Publicas para a Diversidade Sexual do Estado de São Paulo . A ONG ABCD’s conta com a assessoria da advogada especialista em uniões homoafetivas e diversidade sexual Cristiane Leandro.
“É preciso destacar a importância da denúncia e também das testemunhas, pessoas que possam colaborar para que o caso seja devidamente registrado”, frisou Marcelo Gil. “O Disque 100 também é um canal importante de denúncia, mas acima de tudo, a vítima tem que saber que existe amparo legal, que tem direito à cidadania e ao respeito”, concluiu.

Locais de denúncias: 

Coordenação de Politicas para a Diversidade Sexual
Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania
Largo Patio do Colegio, 148 – Terreo – Centro – São Paulo – telefone: 011-3291-2700

DECRADI (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância)
Secretaria de Segurança Publica do Estado de São Paulo
Rua Brigadeiro Tobias, 527 – 3º andar – Luz – São Paulo - telefone: 3311-3556

Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Santo André
Avenida Portugal, 155 – Centro – Santo André

Sobre a ONG ABCDS

Fundada em 2004 em São Bernardo e logo depois transferida para Santo André, onde permanece até hoje, a ONG Ação Brotar pela Cidadania e Diversidade Sexual (ABCD'S) tem atuado fortemente junto a diversas esferas de governo e da sociedade civil para combater os crimes de gaylesbobitransfobia (comumente definidas como homofobia, mas que se configuram no preconceito e na violência contra gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais) a articular políticas públicas para este público no Grande ABC (Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra). Nossa missão é sensibilizar e mobilizar a população sobre as questões de cidadania e direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBTT).

  Atualmente a ONG ABCDS atende pelo telefone (11) 2831-1641 em horário comercial e em casos de URGÊNCIA no telefone exclusivo (11) 99418-0924. Mais informações no endereço eletrônico www.ongabcds.blogspot.com.br.

Contatos para imprensa

Aline Melo – athaismelo@gmail.com

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